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Feiras recreativas para crianças e adolescentes que trabalham na rua no Peru

Publicados 08/24/2018 De CSC Info

Escrito por CESIP

A azáfama faz-se sentir nas ruas, que todos os dias se transformam em mercados. São 6 horas da manhã e frutas, legumes, carnes e todos os tipos de mercadorias decoram as longas fileiras de barracas temporárias.

Hoje é domingo; não há escola e é um dia de descanso para a grande maioria dos alunos. Mas não para outras crianças e adolescentes que têm que trabalhar na área, ora com a família, ora com seus patrões, ora sozinhos, pois, como apontam: “hoje tem mais vendas e, portanto, mais lucro”

Essa realidade faz com que a equipe do CDINA-APTI, formada por profissionais da ONG CESIP e instituições parceiras, se desloque até a área onde as crianças e adolescentes se encontram trabalhando, pois descobrimos que viajar para as áreas onde estão localizadas é uma boa estratégia, pois um maior número deles se beneficia. Antigamente, costumávamos convidá-los para nossa sede, mas poucos chegavam, pois participar de nossas atividades significava que eles paravam de trabalhar por algumas horas, o que significava menos renda para eles. Chegamos então às zonas desportivas localizadas nos vários mercados das redondezas, munidas de toldos, mesas, bancos, “tapetes” e materiais. Tudo com o objetivo de proporcionar aos meninos e meninas a oportunidade de aprender, se divertir e compartilhar.

Enquanto montamos os toldos, os meninos e meninas que trabalham na rua se aproximam, com muita curiosidade e entusiasmo para participar das aulas de artesanato. Outros saem gritando “Chegaram, estão aqui!”, convidando seus pares a participar da feira.

Crianças compartilhando suas experiências e aprendendo sobre seus direitos

Após a montagem, a equipe do projeto recebe as crianças e adolescentes, que são colocados nos “tapetes” de acordo com a ordem de chegada para iniciar as atividades.

​Os educadores encarregados da atividade criativa-recreativa entregam a cada participante os materiais de que precisarão enquanto lêem as instruções para fazer seus trabalhos manuais. Hoje eles vão fazer um porta-lápis com “bastões” de madeira, papelão, barbante, adesivos, e vão usar tesoura, cimento de silicone e grampeadores.

Durante a atividade ouvem-se dizer “tem que ficar aqui”, “é assim que se faz…”, “podemos trocar o adesivo, por favor”, “que bonito é o meu trabalho”, “me empresta a tesoura”, “Eu te ajudo”, etc. Neste espaço os meninos e meninas se divertem e aprendem brincando, observamos que as crianças maiores ajudam os pequenos, desenvolvem suas habilidades pessoais e sociais, e também conseguem expressar suas emoções e opiniões.

Durante a feira, informamos os pais sobre o projeto e convidamos os meninos e meninas a virem à sede da CDINA durante a semana para participar desta e de outras atividades.

Além das atividades criativas e recreativas, os participantes se beneficiam de outros serviços. Colaboraram nas atividades integrantes de diversos órgãos estaduais, como: o Centro de Emergência da Mulher – CEM Carabayllo (1), serviço público especializado e gratuito de prevenção e conscientização da violência familiar e sexual; O Centro Materno Infantil El Progreso(2), cujos profissionais forneceram informações sobre assistência à saúde e o Programa Municipal de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil no distrito de Carabayllo – PPETI (3). Essas instituições atenderam os meninos e meninas que trabalham nas ruas da região e suas famílias.

Crianças refletindo sobre a importância de ter o apoio de seus pais/cuidadores.

A noite chega, os vendedores do mercado arrumam suas barracas e a rua está livre novamente, e é hora da equipe sair. Hoje conseguimos atingir cerca de 20 pais e 50 crianças e adolescentes que deixaram o trabalho nas ruas por algumas horas para se sentirem livres e se divertirem.

Enquanto eles nos ajudam a recolher os materiais, nos despedimos deles e eles perguntam com entusiasmo quando podem voltar. O que faremos na próxima semana? Em resposta, reiteramos o convite à sede da CDINA e explicamos que estaremos de volta em três semanas. Na semana seguinte iremos a outros mercados da região, levando nossas feiras para que os meninos e meninas da cidade possam desfrutar das atividades e ter acesso aos serviços de saúde e proteção contra a violência.

E assim, terminou o dia, com a satisfação de tê-los alcançado e suas famílias, nos veremos novamente em breve…

  1. Serviço do Ministério da Mulher e Populações Vulneráveis ​​– MIMP
  2. Agência do Ministério da Saúde – MINSA
  3. Subdiretoria da Mulher, Defesa da Mulher, da Criança e do Adolescente – DEMUNA, Secretaria Municipal de Atendimento à Pessoa com Deficiência – OMAPED e do Idoso do Município de Carabayllo.

Sobre o projeto

O Centro de Desarrollo Integral del Niño, Niña y Adolescentes – Projeto CDINA e Aprender a Pensar en Trabajo Infantil – APTI, é administrado pelo Centro de Estudios Sociales y Publicaciones [Centro de Estudos e Publicações Sociais] – ONG CESIP em colaboração com o Consórcio para Crianças de Rua (CSC) e financiado pela Fundação Dia do Nariz Vermelho.

O objetivo do projeto é que crianças e adolescentes que trabalham na rua em Lima, Peru, melhorem o exercício de seus direitos à educação, saúde, recreação e participação; e serem mais protegidos por suas famílias e órgãos públicos, evitando o risco de uma vida na rua.